quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ÉDIPO REI - MITOLOGIA E PSICANÁLISE




ÉDIPO REI

Laio, rei de Tebas, é amaldiçoado e avisado pelo oráculo de Delfos que seria morto pelo filho e este desposaria a própria mãe. Temendo o destino e buscando revertê-lo, o rei fura os pés do bebê (daí o nome Édipo, pés inchados) e ordena que o jogue de um penhasco, Jocasta, sua esposa, entrega o filho a um pastor. Este agindo piedosamente entrega o bebê a Políbio, rei de Corinto, que o cria como filho. Tempos depois, ao ser insultado e acusado de não ser filho legítimo dos reis, Édipo vai consultar o oráculo, que revela apenas, que ele seria o assassino do próprio pai e casaria com a mãe. Por acreditar que Políbio e Mérope eram seus pais verdadeiros, Édipo foge temendo que a desgraça dita pelo oráculo acontecesse.

   Numa encruzilhada de três caminhos, Édipo encontra uma comitiva real e mata o homem, que na verdade era Laio, seu pai. Chegando a Tebas, enfrenta a terrível Esfinge, monstro metade mulher e metade leão que devorava aqueles que não conseguissem desvendar seu enigma, Édipo conquista tal façanha. O prêmio pelo ato heróico seria casar-se com a rainha Jocasta, recém- viúva. Édipo desposa a rainha e torna-se rei de Tebas.

   Anos passaram-se, Édipo desfrutava de um casamento feliz, era pai de quatro filhos (Etéocles, Polinice, Antígona e Ismênia), era um bom governante, querido pelo povo. Uma misteriosa peste toma conta de Tebas, o oráculo de Apolo é consultado e diz que o flagelo só terminaria quando o assassino do rei Laio fosse encontrado e punido. Édipo então decide livrar seu reino desse mal e descobrir quem é o assassino, desferindo uma tremenda maldição:

- "Proíbo que qualquer filho da terra onde me assistem o comando e o trono dê guarida ou conversa ao assassino, seja ele quem for; que o aceite nos cultos e no lar, que divida com ele a água lustral! Eu ordeno, ao contrário, que o enxotem de suas casas, todos, por ser aquilo que nos torna impuros, conforme acaba de nos revelar, por seu oráculo, a fala do deus! (…) E ainda mais: rogo aos céus, solenemente, que o assassino, seja ele quem for, sozinho em sua culpa ou tenha cúmplices, tenha uma vida almadiçoada e má, pela sua maldade, até o fim de seus dias. Quanto a mim, se estiver o criminoso em minha casa, privando comigo, eu espero que sofra as mesmas penas que dei para os demais."

Como a busca não trouxe resultados, Édipo consulta Tirésias, o adivinho, este com relutância revela que o assassino de Laio é o próprio Édipo. Através de elementos como o reconhecimento, Édipo assume sua culpa. E mostra mais uma característica do herói trágico, o caráter elevado. Havia prometido ao povo que puniria e expulsaria o culpado da cidade, pune-se furando os olhos. Jocasta já havia se suicidado ao saber da tragédia. Esse é o fim trágico de Édipo Rei, porém há uma continuidade nas outras obras da trilogia tebana.

   Édipo Rei levanta dúvidas sobre até que ponto somos donos das nossas a ações, há nessa tragédia um conflito entre destino e livre arbítrio. Se formos considerar o destino superior à vontade humana, veremos claramente a impotência humana diante dos fatos. Édipo tentou escapar da sua sina, evitar que a previsão do oráculo se cumprisse, mas ao fugir do destino acabou indo ao encontro dele, por mais que tenha tentado revertê-lo a vontade dos deuses foi superior. Por outro lado, se considerarmos a superioridade da vontade humana, o homem “senhor de si”, observaremos Édipo como o responsável por toda a desgraça, e que em alguns momentos poderia ter evitado. Édipo tem uma moral superior, porém tem falha trágica, é essa falha que leva o herói à desgraça. No caso dele, seu defeito é a impulsividade, humor oscilante, como na cena em que ele mata o pai e seus servos por um motivo banal. Até suas virtudes colaboram para o fim trágico; se não fosse tão inteligente e astuto não teria vencido a esfinge, portanto não teria casado com a mãe.

   O diálogo entre Édipo e Tirésias é muito interessante e proporciona uma intensa reflexão, pois a cegueira parece estar no próprio Édipo, até esse momento o rei não possuía uma introvisão. Tirésias é a personificação da sabedoria, apesar de não possuir a visão física, possuía uma visão interior, a que faltava em Édipo. A partir do momento que Édipo adquire essa visão, começa a surgir o reconhecimento, que vai se confirmando quando desabafa seu desespero à Jocasta: “Como essa narrativa me traz a dúvida ao espírito, mulher. Como perturba a alma!”. A rainha também possui uma personalidade singular, é ambígua, entrega o bebê pra ser morto a um pastor de sua confiança, ora mostra-se incrédula com os oráculos, tem postura digna e autoritária. Quando Édipo começa a desconfiar da verdade Jocasta tenta fazê-lo desistir alegando que o oráculo já falhara outrora. E ao reconhecer sua culpa suicida-se,o que é considerado por Aristóteles, na Poética, como catástrofe, ação perniciosa e ferimento que podem levar à morte. Com Édipo também acontece uma catástrofe, fere os próprios olhos, como uma aceitação de culpa, para se redimir.

   Merecidamente, Édipo Rei foi considerado o mais perfeito exemplo de tragédia grega, por Aristóteles. É um clássico, pois sobreviveu ao tempo, continua sendo lido avidamente nos dias atuais e certamente será nas próximas gerações, porque sua temática envolve problemas universais vivenciados pelo homem em qualquer época. Assim, o homem se encontra na obra Édipo Rei. O mito de Édipo influenciou até a psicanálise, Freud se baseou nesse mito para definir o Complexo de Édipo, que é o conflito de sentimentos de amor e ódio vivenciados na infância, onde aquele o filho sente pela mãe e este pelo pai, esse complexo é universal. Assim, o complexo e o mito assemelham-se porque ambos envolvem questões éticas, sociais e tabus. Essa é só uma das inúmeras importâncias dessa peça, que cada vez que é lida oferece um leque de novas análises e estudos.


A tragédia é uma das maiores heranças do teatro deixada pelos gregos. Aristóteles, na Poética, aborda minuciosamente esse gênero e considera Édipo Rei o exemplo mais perfeito de tragédia grega. É a imitação de ações de caráter elevado, focalizando a vida e os atos dos homens superiores. Acredita-se que tenha se originado nas festas e rituais dedicados ao deus Dionísio, posteriormente foi tomando um sentido mais amplo e complexo, contendo mitos, conflitos existencialista, passionalismo, etc. O teatro grego teve três grandes tragediógrafos; Ésquilo, Eurípedes e Sófocles. Este último gozou de uma próspera vida. Sófocles era de uma família abastada, teve uma excelente educação, integrou no coro de jovens, contemplou a expansão imperialista ateniense com Péricles e também sua decadência na Guerra do Peloponeso. Participou da política ativamente, ganhou diversos concursos dramáticos, chegou a derrotar Ésquilo. Escreveu aproximadamente cento e vinte peças, mas apenas sete chegaram até nós. Das sete, as mais famosas são as relacionados ao mito de Édipo (Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono). A última peça, Édipo em Colono, Sófocles usou-a para se defender no Tribunal de Atenas, pois foi acusado de senilidade pelo próprio filho. Foi absolvido. Morreu aos noventas anos, no mesmo ano em que Eurípedes.

Sófocles aborda em suas peças temas que transcendem épocas, conflitos universais que podem ser vivenciados por qualquer pessoa em qualquer tempo. Édipo Rei, a peça abordada nessa análise, é um exemplo perfeito da impotência do homem diante do destino.


                                                                    Édipo Rei 

Complexo de Édipo
Depois de ver nos seus clientes o funcionamento perfeito da estrutura tripartite da alma conforme a teoria de Platão, Freud volta à cultura grega em busca de mais elementos fundamentais para a construção de sua própria teoria.

No centro do "Id", determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. Freud introduziu o conceito no seu livro Interpretação dos Sonhos (1899). O termo deriva do herói grego Édipo que, sem saber, matou seu pai e se casou com sua mãe.

Freud atribui o Complexo de Édipo às crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e reprimia seus instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse relativamente amável e não traumático, e se a atitude parental não fosse excessivamente proibitiva nem excessivamente estimulante, o estágio seria ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor de reações similares na vida adulta. O Superego, o fator moral que domina a mente consciente do adulto, também tem sua parte no processo de gerar o Complexo de ÉdipoFreud considerou a reação contra o complexo de Édito a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores consideram a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades parciais.

Primeiramente ocorre a chamada fase oral, quando a criança focaliza seu desejo e prazer no seio materno e na ingestão dos alimentos. Posteriormente ocorre a fase anal, quando o desejo e o prazer são focalizados nas fezes e excreções. Por último, ocorre a fase fálica, quando o desejo e o prazer são focalizados nos órgãos genitais.

Na fase fálica surge o Complexo de Édipo, também chamado de complexo nuclear das neuroses. Nesse período os meninos focalizam o seu desejo e prazer na mãe e as meninas no pai. É nessa fase também que a criança distingue a diferença dos sexos masculino e feminino e determina sua fixação pela pessoa mais próxima do sexo oposto.

Quando a criança percebe que não é mais o centro do universo, e se dá conta das distinções entre ela e seus genitores, ela ingressa em uma das várias fases de passagem em sua vida, talvez a mais importante, porque definirá seu comportamento na idade adulta, principalmente o referente à sua vida sexual. Geralmente, a criança sente uma forte atração pelo sexo oposto – a menina pelo pai, o menino pela mãe – e hostiliza, ao mesmo tempo em que ama, seu adversário – no caso da garota, a figura materna; no do garoto, a imagem paterna -, sentimentos conflitantes que configuram o Complexo de Édipo.

A criança, ao desejar o pai ou a mãe, alimenta um conjunto de pulsões formadas pelo id. O superego, que é formado pela razão, pela moral, pelas regras e normas de conduta; busca censurar tais pulsões fazendo com que o id seja impedido de incentivar a satisfação plena da criança. O ego, por sua vez, que é a consciência humana, é incentivado pelos impulsos do id e limitado pelas imposições do superego, o que torna necessário buscar formas de satisfazer o id sem transgredir o superego.

Complexo de Édipo em meninos surge pelo desejo sexual pela mãe, a criança vê o pai como ameaça e deseja se livrar dele buscando ainda se identificar com o mesmo. Em meninas, o complexo surge com o desejo de ganhar um bebê do pai e como não consegue se desilude.

Complexo de Édipo é derrubado nos meninos pela ameaça da castração, onde pensa que perderá seu pênis. A menina acredita que a castração já ocorreu, já que não mais possui o membro, descartando assim a ameaça.


Complexo de Édipo - Conceito em psicanálise
Complexo de Édipo é um conceito fundamental para a psicanálise, entendido por esta como sendo universal e, portanto, característico de todos os seres humanos. O Complexo de Édipo caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade. Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao pai (não que o pai seja exclusivo, pode ser qualquer outra pessoa que desvie a atenção que ela tem para com o filho), mas esta idéia permanece, apenas, porque o mundo infantil resume-se a estas figuras parentais ou aos representantes delas. Uma vez que o ser humano não pode ser concebido sem um pai ou uma mãe (ainda que nunca venha a conhecer uma destas partes ou as duas), a relação que existe nesta tríade é, segundo a psicanálise, a essência do conflito do ser humano.

A idéia central do conceito de Complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe por sua condição frágil. Esta proteção é relacionada, de maneira mais significativa, à figura materna. Em torno dos três anos, a criança começa a entrar em contato com algumas situações em que sofre interdições, facilmente exemplificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A criança não pode mais fazer certas coisas porque já está maior, não pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, andar pelado pela casa ou na praia, é incentivada a sentar de forma correta e controlar o esfíncter, além de outras cobranças. Neste momento, a criança começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa renunciar ao mundo organizado em que se encontra e também à sua ilusão de proteção e amor total.

Complexo de Édipo é muito importante porque caracteriza a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem se dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos. A figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à mãe e por isso dirige sentimentos hostis a ele.

Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” pelo ciúme da mãe. A menina é hostil à mãe porque ela possui o pai e ao mesmo tempo quer se parecer com ela para competir e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora. Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais.

Nesta fase, a repressão ao ódio e à vontade de permanecer em “berço esplêndido” é muito forte e o sujeito desenvolve mecanismos mais racionais para sua inserção cultural.

Com o aparecimento do Complexo de Édipo, a criança sai do reinado dos impulsos e dos instintos e passa para um plano mais racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da ilusão de super proteção para a cultura se psicotiza.

http://www.psicoloucos.com/Psicanalise/complexo-de-edipo-psicanalise-de-freud.html


   Édipo expõe o enigma da Esfinge 
                                                                            Jean Auguste Dominique Ingres, 1808 
                                                                                      Musée du Louvre, Paris 


terça-feira, 20 de agosto de 2013

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA



Origens
A astrologia aparece, sob alguma forma, em todas as culturas.
As primeiras cartas estelares do Egito datam de cerca de 4 200 a.C. e, embora sejam astronômicas, não se pode afirmar que houvesse distinção, àquela época, entre astronomia e astrologia.
Historiadores afirmam que a astrologia surgiu na Suméria, por volta do IV milênio a.C. Por este motivo, durante muitos séculos, na Europa, os astrólogos foram chamados de caldeus. Uma das mais antigas referências foi encontrada em Nínive (Babilônia), na biblioteca de Assurbanipal. No entanto, a observação do céu à procura de presságios pode ser bem anterior, naquela região de clima imprevisível, onde as cheias dos rios Tigre e Eufrates não obedeciam um ritmo anual como as do Nilo.
Em tempos mais recentes, tem-se discutido a possibilidade de ser outra a origem da astrologia: a civilização do Vale do Indo, ou harapana. Em comum, essas duas civilizações compartilham a ênfase no papel das estrelas, pano de fundo e baliza do movimento do Sol e da Lua. Em Harappa teria se originado o conceito de nakshatra (sânscrito, "os imortais"), manazil (árabe) ou mansão lunar, que mais tarde daria origem ao zodíaco. Em ambas regiões o Sol causticante não é, como na fria Europa, o doador da vida, e sim a Lua, com as marés que provoca no mundo físico e nos seres vivos. Portanto, os nakshatras mediam a passagem da Lua pelo céu, sendo cada um destes asterismos a medida de arco média percorrida pela Lua em um dia.

Os sacerdotes caldeus nos legaram a primeira noção de zodíaco, ao observar que o Sol e a Lua cruzavam sempre as mesmas constelações dentro de uma faixa celeste que chamaram de Caminho de Anu. Contra o fundo de estrelas fixas, cinco estrelas errantes se moviam, os planetas, e seu caminho também se restringia ao espaço delimitado no céu pelo movimento aparente do Sol, a eclíptica. Aseclipses eram, aliás, um dos mais importantes presságios para todos os povos antigos.
As previsões eram um guia para a agricultura, as cheias dos rios e outros fenômenos naturais, sendo depois estendidas para catástrofes decorrentes de ação humana, como guerras.
Fragmentos de documentos do reinado de Sargão da Acádia, (2 870 a.C.) mostram que as previsões eram feitas com base no movimento do Sol e da Lua, dos planetas, de cometas, meteoros e outros fenômenos. Mesmo as condições atmosféricas ao começo do dia, que possivelmente era medido a partir do pôr do sol, indicavam como seria o dia seguinte. Se esse dia era o primeiro do mês lunar, as previsões se estendiam para o mês, se era o primeiro do ano (medido pelo nascimento ou ocaso heliacal de determinada estrela), valiam para o ano.
Do tempo do rei assírio Assurbanipal (século VII a.C.) são as mais antigas efemérides escritas que nos chegaram. Isto mostra que, à época, o conhecimento dos ciclos dos planetas era suficiente para permitir elaborar tábuas de seu movimento.
A astrologia babilônica se dedicava a prever eventos que influenciavam a vida coletiva, através de seu efeito sobre o rei, que personificava o bem-estar do reino. Após a tomada de Alexandria é que a astrologia começou a estudar o homem. O horóscopo mais antigo para uma pessoa data de 20/04/409 a.C..
No Egito surgiu Hermes Trimegisto que, afirmam alguns, é o escritor de um livro, Kaibalion, onde estão os "7 princípios do universo e da Astrologia".
Na Grécia foi fundada, por volta de 640 a.C., uma escola onde se ensinava astrologia. Aristóteles (que difundiu a idéia dos quatro elementos - água, fogo, ar e terra - influenciando o comportamento), Hiparco(que descobriu a precessão dos equinócios) e Ptolomeu (que apresentou em livros muito do que se sabe atualmente das bases principais da astrologia) são figuras importantes, que usavam a astrologia principalmente para reis e países. Mas ainda na Grécia este estudo se popularizou.
Em Roma a astrologia era consultada pelo povo e por reis e rainhas, inclusive o Imperador Augusto cunhou moedas com o seu signo. E Tibério estudava o mapa astrológico dos seus rivais. Cláudio, porém, expulsou os astrólogos da Itália.1
A decadência do Império Romano significou a decadência da cultura legada da Grécia e do Oriente. A astrologia caiu para um estado de superstição, fato que levou a Igreja Católica a condená-la, ignorando as referências astrológicas no Evangelho de Lucas (os reis magos) e no Apocalipse. Assim, Agostinho de Hipona, que estudara astrologia, a renega após sua conversão.

A filosofia e a cultura clássicas sobreviveram durante a Idade Média européia graças aos árabes e ao Califado de Bagdá. Bagdá, capital do estudo astronômico no século X, foi sede também de uma astrologia de cunho empírico, estritamente prática e previsiva, como convinha a esse povo que criou o comércio internacional. O maktub árabe passaria a fazer parte da astrologia mediterrânea.
Isidoro de Sevilha (c. 636) foi um dos primeiros a separar astrologia e astronomia, embora ambas tenham sido separadas apenas no século XVI, quando o sistema de Copérnico substitui o de Ptlomeu.

Astrologia árabe
O maior astrólogo árabe foi Albumazer. Seu livro Introductorium in astronomiuum foi um dos primeiros a ser traduzido, no início da Idade Média, na Espanha. Nas Universidades da Espanha e Itália havia cadeiras de Astrologia. Estudos indicam que a astrologia influenciou inclusive a Cabala.
Outro árabe importante foi Abu'l-Rayhan Muhammad Ibn Ahmad Al-Biruni.

Difusão européia
Na Idade Mëdia da Europa surgem astrólogos e defensores da astrologia em vários países.
·         Michael Scott (morto em 1235) a defendeu em seu Liber introductorium.
·         Santo Alberto Magno (c. 1200-1280), em resposta à discussão entre teólogos sobre ser a astrologia "ciência legítima" ou "arte adivinhatória", separou a astrologia das associações pagãs que ganhara no ocaso do Império Romano. Percebeu o valor teológico da ciência e filosofia gregas a árabes e recuperou os ensinamentos esquecidos de Aristóteles.
·         Tomás de Aquino (c. 1225-1274) viu os ensinamentos da astrologia como complementares à visão cristã.
·         Na Universidade de Bolonha, onde estudaram Dante e Petrarca, a cátedra de astrologia foi instalada em 1125.
Na Idade Média os astrólogos eram chamados mathematici, pois a astrologia era a aplicação mais importante da matemática. A prática da medicina era baseada na determinação astrológica do tratamento adequado, portanto os médicos também eram matemáticoa (como Tycho-Brahe).
Dante expõe ao ridículo, no Inferno da Divina Comédia, os astrólogos Guido Bonatti (conselheiro de Guido de Médici) e Michael Scott, mas por misturarem eles necromancia à astrologia, abusando dos conhecimentos que tinham obtido.
Cecco d'Ascoli, professor de astrologia em Bolonha, foi queimado vivo na fogueira em 1327 não por ser astrólogo, mas por suas opiniões heréticas.

O Renascimento trouxe uma difusão da astrologia, apoiada inclusive pelo Papado.
Copérnico (seu trabalho sobre o heliocentrismo foi conhecido devido a um astrólogo - Reticus - que o imprimiu e acrescentou, com o consentimento do autor, um capítulo sobre Astrologia), Paracelso(botânico), Nostradamus, Tycho Brahe (médico e astrônomo), Galileu, Kepler e Newton estudaram e usaram a astrologia.
Copérnico, ao propor o heliocentrimo, recuperava o conhecimento de Aristarco. Tycho-Brahe viria, com suas acuradas observações dos movimentos planetários, na Dinamarca, a fornecer dados para comprovar a teoria de Copérnico. Kepler foi assistente de Tycho-Brahe. Em seu Concerning the more certain fundamentals of astrology (1602), expõe em 75 teses a forma como o Sol, a Lua e os planetas influenciam os acontecimentos na Terra.
A astrologia e a astronomia eram, de início, um mesmo estudo. Tycho Brahe, por exemplo, nascido em 1546, era médico e astrônomo em Copenhague, mas também astrólogo do rei da Hungria.
Já na época de Isaac Newton, a astrologia já estava totalmente desacreditada, como pode ser visto pelo seu livro Diálogos astronômicos entre um cavalheiro e uma dama: em que a doutrina da esfera (celeste), usos dos globos (terrestres) e os elementos de astronomia e geografia são explicados2 .

Tempos modernos
Pesquisadores modernos aplicaram à Astrologia o mesmo rigor científico que a qualquer outra hipótese testável. Os resultados foram negativos. Por exemplo, John Maddox, editor da revista Nature, comentou3 :
. . . one of the things we have published on astrology a few years back was a very carefully done study in California with the collaboration of 28 astrologers from the San Francisco area and lots of subjects——118 of them altogether——and lunar charts were made by the astrologers. It turned out that the people couldn't recognize their own charts any more accurately than by chance. . . . and that seems to me to be a perfectly convincing and lasting demonstration of how well this thing works in practice. My regret is that there's so many intelligent, able people wasting their time and, might I say, taking other people's money, in this hopeless cause.

Em outros países
Na Índia a astrologia Jyotish é usada habitualmente há longo tempo. Na China a astrologia continua a florescer. Ambas, bem como a astrologia reintroduzida no Egito no período helenístico, têm forte influência da astrolgogia grega, sendo portanto tardias.
O Tibete tem sua astrologia, mais recente, que é usada em diagnósticos médicos, entre outras utilidades.
Já os maias tinham uma astrologia autônoma, desenvolvida em seus observatórios astronômicos extremamente precisos.

Fontes
·        Anna Maria Costa Ribeiro: Conhecimento de astrologia, Editora Hipocampo.
·        Derek e Julia Parker: O grande livro da astrologia, Círculo do Livro.
·        Johannes Kepler, Concerning the more certain fundamentals of astrology
·        Astrology Compatibility{en}